Eu tentei me esconder dentro do meu próprio corpo, das minhas vontades, das milhares de coisas que fazia e faço por dia. Me esconder para que ninguém pudesse me achar, me desdobrar, desbravar o poço de tristeza que está aqui as vezes.
Meus sorrisos, minha sintonia, meu jeito leve de ver e de enfrentar a vida. Eles são meu maior alicerce, principalmente nos dias pesados de dor, angústia e sofrimento. Mas, calar as dores, mascarar as tristezas... nem sempre é tarefa fácil. De repente, quando menos se espera, você é encontrado emaranhado dentro de si, confuso, sozinho... amedrontado.
Eu quis calar o mundo, para que ninguém mais sofresse, para que os choros de melancolia que sempre são carregados de nostalgia, pudessem ser substituídos magicamente por sorrisos sinceros e destemidos. Porque tantos outros como eu, se afligem da ausência de um amor que parte e deixa marcas profundas, quase que inertes às cicatrizações.
Quem dera, por pequenos descuidos, todos que amo pudessem ser insensibilizados à droga dos sofrimentos, como dizia Pedro Bandeira, a droga do amor é real, latente e vicia. E junto com ela, como que um antídoto, o sofrimento vem. E eu, eu realmente queria que só o amor chegasse e ficasse, pena não ser possível.
Desato o nó de minha gravata de frustrações e medos, como quem abre o peito pra gritar ao mundo o tormento do sofrer. Deixo minhas lágrimas tocarem à face com delicadeza, elas suavizam a dor do amor. E num piscar de olhos, recebo um afago carinhoso e consolador, de almas que me compreendem, que também sofrem e que, por ironia do destino, também desejam não ver ninguém sofrer.