Acuada num canto escuro do quarto, minhas lágrimas rolam com as lembranças de nós dois. E que lembranças atordoadoras, que me causam repulsa até dos momentos que foram íntimos, pulsantes e me causaram arrepios de amor. Talvez seja porque agora, não tenha mais o teu corpo vibrante colado ao meu, teu cheiro que era único e a pele morena que se misturava com a meu tom despigmentado.
Tentei guardar os seus sorrisos como a marca da nossa paixão, o teu beijo como a sensação mais inebriante e o seu toque como a forma mais tênue de me provocar calor. Você me aqueceu nos teus braços pouco musculosos e fez de mim mulher na inquietude de nossa embriaguez. E como era bom, simples e intenso te amar, porque você sabia me decifrar nas minhas entrelinhas mais complexas.
O tom da sua voz não vibra mais ao pé do meu ouvido, e a solidão ainda está aqui mesmo que eu busque outros tons pra cantarolar os versos que jamais deixarão de ser seus. O teu abraço que era o melhor conforto, foi embora pra nunca mais voltar, porque por mais que nos abracemos como "amigos", era a certeza de te ter pra mim que fazia me sentir acolhida... e agora restam brisas a tocar minha pele numa sinfonia de consolo.
Eu tentei reconhecer você na escuridão, mas o destino quis que tu fostes embora, e agora eu soluço a tristeza das minha próprias emoções incompreendidas. Quisera eu por um instante poder tornar aos momentos felizes, ao risos soltos de alegria, as conversas repletas de verdade e aos olhares que diziam que era AMOR.
Você foi o maior caso de insensatez que que gostaria de reviver por uma, duas, centenas de vezes, simplesmente porque nossos corpos nos levavam ao âmago da loucura. Refaço minha pose singela, pinto de vermelho os lábios que eram teus e sigo a beijar outras bocas e a deliciar-me em outros braços, para preencher esse vazio que fica aqui com a dúvida se você realmente me mereceu algum dia.