De repente o telefone toca, a vida curta e grossa diz do outro lado: " O tempo dela está acabando!", do lado de cá o que resta é a minha respiração ofegante, o arfar do meu desespero, meu coração gelado e descompassado... reflexos do medo insano da perda. A gente nunca faz questão de imaginar que o perigo mora ao lado, e que a próxima vítima cruel da morte, pode ser alguém que nós amamos profundamente.
Entrelaço meus dedos nos cabelos, sinal de quem está perdido; meu olhar entristecido, faz meu rosto empalidecer, fico transfigurada. Relutante, custo acreditar que a escolhida, pela crueldade da morte, é você, quanta insensibilidade querer te tirar de nós. O mais difícil é imaginar perder o seu sorriso, a sensibilidade das suas palavras e a benevolência das suas atitudes, não é uma perda minha, é uma perda do mundo, e isso é imperdoável.
Recebo um abraço que refaz o meu vigor, e busco soluções que cheguem plenas até você, quero doar o máximo de minha energia, do meu amor, das minhas gargalhadas vibrantes, com certeza isso reflete os nossos melhores momentos, pura cumplicidade de nossa amizade cheia de defeitos. Olho pro céu como quem implora por socorro, tentando pedir qualquer sinal, um "estou te ouvindo!", quem sabe assim a morte não desiste de contabilizar seus últimos dias, horas ou minutos, o "stop" desse cronômetro é o que aliviaria minha ansiedade.
Reflexiva, emaranho-me a mim mesma, num canto escuro do quarto... forço-me a pensar em como te ajudar a passar por isso, e não ser mais uma vítima cruel da morte, mas tem horas que as estratégias faltam, o peito aperta e o choro, o choro é inevitável. Com isso, torno a imaginar que no final das contas, a vida fugaz, que sempre se manteve voraz e nos fez viver sonhos e realizar promessas, mostra que sempre esteve por um fio. E que você deve notar quem sempre está com você, porque de repente pode ser... o último sorriso que você receba desse alguém!
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