Os dias de colheita eram regados de alegria e amor, porque eram momentos em que todos se reuniam para brindar mais uma safra farta que sempre rendia boas roupas e aquele almoço espetacular no último dia. Ali havia a certeza de que todo o Algodoeiro florescia e crescia regado por amor e adubado com muita felicidade.
Como de costume, Catarina calçava seus pares de botinas marrons, estas eram sempre usadas nos dias de colheita, ano, após ano; segundo ela traziam sorte e bons ventos. A mulher incansável que acompanhava tudo de olhos atentos e sorriso no rosto, sempre pensava o quanto cada floco de algodão era bem vindo e aceito, seu destino era certeiro e as mãos de Catarina arfavam ansiosas para costurar dezenas de roupas para cada um dos seus "filhos de luz", como gostava de chamar os pequeninos.
Antes de qualquer coisa, todos se reuniam ao redor do campo repleto de algodão, Eduardo e Catarina fizeram de seu ritual... o AGRADECIMENTO. Todos davam as mãos, fechavam os olhos, e gritavam o obrigado mais acolhedor que Deus ou qualquer outra Criatura Divina pudesse e gostaria de ouvir. Afinal de contas, como eles sempre diziam: "Se recebes algo, o mínimo que podes fazer é sorrir e agradecer!"; e eles o faziam, talvez fosse esta a receita do sucesso daquelas colheitas tão fartas a cada ano.
O último dia era cercado de expectativas e repleto de alegria, o almoço farto e os sorrisos largados pela velha Casa de Madeira, deixavam no ar um clima de harmonia e paz. Ao final do dia Eduardo costumava sentar em sua cadeira, na varanda, e observar o pôr no sol, era seu momento de inquietude maior, porque nunca se sabia como seria o próximo ano. De jeito meigo, e voz calma, Catarina colocava-se a cantar:
" E o fim... não é agora!
Segura a minha mão, e deixa o vento... levar o mal!
E as aves, amor... sempre ão de voltar.
Não tenha o medo do escuro... SOMOS A LUZ!
O nosso amor é mais forte que todo o ouro.
Nenhuma pedra, nos destruirá.
Amor... VIVA!
Os pássaros ão de voltar... Pés na terra, medo de andar!
A insegurança está aqui... mas, não tenha medo meu amor!
Os pássaro... ão de voltar!".
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