A cidade que antes estremecia com
o vai e vem de carros e pessoas, se transformou num mar de silêncio...
Corpos que se tocavam num
contato intimista de amor e cordialidade, se distanciaram dentro de suas próprias
casas...
O céu que podia ser
contemplado ao ar livre, agora era olhado das janelas, sem que se pudesse
sentir o calor do sol que brilha lá fora...
A vida corriqueira, inundada
de rotinas e afazes, deu espaço a um vazio grande, aprisionamento da nossa
liberdade...
As relações, agora, eram
virtuais, sorrisos, palavras, olhares, todos através de uma tela, sem sentir o
calor do corpo de outrem...
Abraçar era tarefa impossível...
Afagar não estava nos planos
de ninguém...
Os beijos tinham outro
formato, fossem por beijos no ar ou cotoveladinhas que transmitissem o
cumprimento...
A saudade, essa invadiu
espaços inimagináveis e de proporção assustadoramente estranha...
Quando isso tudo acabar,
quando não mais existir o limite entre nossos corpos, quando os cômodos de
nossa casa não forem os únicos lugares que visitaremos nas 24 h de nosso dia,
que possamos nos entregar mais...
Que possamos priorizar o
contato físico, que possamos amar as pequenas coisas, que apreciemos a beleza
das flores e tenhamos mais suavidade em contemplar o céu, ao invés de reclamar
do calor que sol traz pros nossos corpos...
Que carreguemos de tudo isso
que nossa morada maior precisava respirar, mas que nós precisávamos de
aprendizado...
Precisávamos entender que o
aqui e agora é um instante, que não volta, mas que é recheado de sentimento e
detalhes que marcam nossas almas...
E depois que a tempestade
passar, um arco-íris há de brilhar...
E poderemos voltar a sentar ao
redor de uma mesa as quatro da tarde para tomar café com amigos e valorizar
esse momento sem pensar que é a última vez que os veremos!
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